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Vinhos da América do Sul: um guia completo

Eu já propus aqui um giro pelos vinhos da África do Sul, Alemanha e Espanha. Agora, prepare as taças que chegou a vez de brindarmos a produção dos nossos hermanitos e o privilégio de estarmos pertinho dessas regiões onde são cultivadas verdadeiras preciosidades para todos os gostos! Isso mesmo, vamos explorar tudo sobre a diversidade dos vinhos da América do Sul nesse post.

A primeira dica é: sente em lugar bem confortável e deixe uma garrafa de vinho e bons aperitivos por perto porque tem história, viu?! 🍷

Principais uvas da América do Sul 🍇

Principais uvas da América do Sul

Antes de falar de vinhos fantásticos, precisamos focar na matéria-prima da qual eles são feitos, não é mesmo? O solo da América do Sul é bastante propenso a uma produção diversificada e suas castas dão origem a alguns dos melhores vinhos do mundo! Vejamos as principais uvas cultivadas por aqui.

Caménère

Tem uma história curiosa sobre a uva Carménère. Ela é originalmente francesa, da região de Bordeaux. Em 1870, uma praga devastou os vinhedos franceses e ela foi dada como extinta. Acontece que alguns exemplares acabaram migrando com os europeus para a América do Sul e encontraram no Chile condições ideais para o cultivo, só que como foram plantadas em vinícolas de Merlot, as duas castas acabaram sendo confundidas. 

Apenas em 1994, especialistas identificaram a verdadeira uva Carménère na produção chilena. Embora hoje esse tipo de uva também seja cultivada na Itália, Estados Unidos e China, o Chile é o grande produtor desse tipo de vinho caracterizado pelas taninos macios, coloração escura, profunda e sabores aveludados, sedosos e marcantes. Uma taça de Carménère vai muito bem com aperitivos como queijos e azeitonas ou faz par perfeito com uma bela salada. Já está salivando aí? Aguenta firme que tem mais!

Pais

A uva Pais é considerada por vários críticos “o que de mais chileno o Chile tem a oferecer ao mundo”. É cultivada geralmente por pequenos produtores do vale Maule. A cepa, também conhecida como Criolla Chica e Mission, harmoniza com embutidos, guisados, carne de caça e cordeiro, tortas, empanadas e miúdos.

Carignan

As uvas Carignan, que os estudiosos apontam ter origem na Espanha, chegou ao Chile na virada do século passado pelas mãos dos franceses e também passou a ser cultivada no vale Maule. Era muito comum que os produtores da região a utilizassem para fazer blends com a cepa que acabei de apresentar, a Pais. Em geral, os vinhos produzidos com Carignan apresentam aroma de frutas escuras, como cereja, e também notas de cacau e casca de laranja. No paladar, é possível sentir taninos finos e muito frescor. Combina perfeitamente com carne assada, especialmente se o prato for acompanhado de vegetais. Maravilhoso, não é mesmo?

Malbec

Malbec é uma uva também francesa que ficou famosa em outras terras vizinhas, a Argentina. Apesar de ser cultivada também no Chile e em outros países, como Austrália e Nova Zelândia, o vinho Malbec é praticamente uma marca registrada dos nossos hermanos, não é mesmo? O Malbec argentino é caracterizado pelos taninos doces e macios, toques mais suaves, suculentos, aromáticos e de baixa acidez. Adivinha qual é o par perfeito desse vinho tinto? O churrasco! Sí... 😂 

Torrontés

Finalmente uma uva branca na nossa lista! E ela também é um ícone da Argentina. As Torrontés dão origem a vinhos brancos extremamente aromáticos. Os paladares mais treinados vão, inclusive, encontrar notas de ervas e especiarias. Trata-se de um vinho intenso e com acidez refrescante. Devem ser consumidos ainda jovens. As possibilidades de harmonização são infinitas: aperitivos, mariscos, peixes e pratos orientais picantes. Hummm 😋

Tannat

O Uruguai, pequeno notável da América do Sul, deu visibilidade mundial à uva Tannat, também originária da França. O solo uruguaio e as condições climáticas do país, com oscilação de temperatura do dia para a noite, foram perfeitos para o cultivo da casta. O vinho produzido com tannat no nosso vizinho é frutado, caracterizado por taninos firmes, cor escura e médio teor alcoólico. É a pedida perfeita para acompanhar alimentos mais gordurosos como o churrasco, carnes assadas e pratos baseados em carne de ovelha.

Albariño

O Uruguai também virou um grande produtor sul-americano de Albariño, uva branca dos deuses, que é original da Península Ibérica. O vinho produzido com a casta é frutado, aromático, tem corpo médio e boa acidez. Pode tomar uma taça do vinho sozinho, mas ele também acompanha pratos leves com frutos do mar.

Ah, aproveitando que está delicioso esse papo sobre as uvas da América do Sul, temos um material que vai lhe ajudar a identificar as uvas que compõem as suas garrafas favoritas. 

Peru, Colômbia e Bolívia

Falamos muito de Argentina, Chile e Uruguai, que são expoentes mundiais na produção de vinhos, mas, e os demais outros países da região? Saiba que há uma cultura intensa no Sul do Brasil, mas ela merece um post à parte futuramente; e há uma atividade crescente também liderada pelos nossos hermanos peruanos, colombianos e bolivianos. Eu vou falar um pouquinho sobre elas:

No Peru 🇵🇪, que é um país reconhecido pela sua exuberante e diversificada gastronomia, a produção de vinhos vem ganhando destaque, principalmente na região de Ica, localizada no centro-sul do país. Nosso vizinho possui mais de 11 mil hectares de vinhedos e condições favoráveis para o plantio das uvas: umidade e contraste diário de temperatura. Entre as uvas cultivadas por lá estão a Tannat, Petit Verdot, Malbec, Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc, Sémillon e Albillo.

A maior parte da produção é destinada à fabricação de Pisco Sour, a famosa “caipirinha peruana”, que nada mais é do que um licor de uva produzido a partir da fermentação do vinho fresco e destilação do mosto da uva. Já provou? Vale muito a pena experimentar essa delícia peruana. Acompanhada de um belo ceviche então...nossa! 

Fica a dica: para os amantes de vinho, o Peru é muito mais do que Machu Picchu!

Da mesma forma, a Colômbia 🇨🇴 é para um verdadeiro enófilo muito mais do que as fantásticas arepas, o café potente, a salsa e aquele desbunde do mar do Caribe. É verdade que o país não é uma rota tradicional do vinho, mas a indústria tem se fortalecido por lá. Há uma boa produção das castas Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Sauvignon Blanc e um mercado crescente, com a promoção de eventos de vinho e exploração do potencial turístico dos vinhedos do país. O principal deles é o Aim Karim, localizado em Vila Leyva, 180 km de Bogotá e a 2.100 m de altitude.

Outro mercado crescente é o da Bolívia 🇧🇴e o país tem entusiasmados críticos no assunto. A produção é pequena, mas o país tem alguns elementos a seu favor como a altitude extrema e sol intenso. É conhecido o feito do rótulo Único, da vinícola Campos de Solana, que, em 2018, ganhou o segundo lugar em teste às cegas feito pelo especialista em vinhos holandês Cees Van Casteren. O vinho boliviano feito com tannat ficou atrás apenas do francês La Tyre, que custava 10 vezes mais. O fato, de tão curioso, chamou atenção da mídia, inclusive do The New York Times e especialistas do mundo todo começaram a ver o nosso vizinho como uma grande promessa. 

Região premiada

Região premiada

Além desse grande feito do vinho boliviano (um segundo lugar com sabor de medalha de ouro, certamente), estamos em uma região altamente premiada quando o assunto é vinho. Veja só: nesse ano de 2020, o renomado prêmio World’s Best Vineyards, elegeu pela segunda vez consecutiva, a Zuccardi Valle de Uco como a melhor vinícola do mundo. A 100 quilômetros de Mendoza, a vinícola foi descrita pelo prêmio como a “jóia dos Andes”. 

Adivinha qual é a segunda melhor vinícola de 2020 segundo o World’s Best Vineyards? A uruguaia Bodega Garzón. E viva a América do Sul!. No top 50 ainda aparecem outras argentinas, a Catena Zapata e a Trapiche, e as chilenas Viña Errázuriz e Viña Casa del Bosque.

E os rótulos premiados então? São muitos! Só pelo Wine Style Award de 2019, uma das principais premiações mundiais, configuram rótulos como o chileno Red 2014 e os argentinos Lindaflor La Violeta Malbec 2010, Cobos Malbec 2013 e Cobos Volturno 2013. 

Já ficou morrendo de vontade de montar um roteiro enófilo pela região? E abastecer a adega com alguns rótulos de vinhos da América do Sul? Eu sempre quero provar todos! Aliás, se você já é um apreciador dos rótulos da região e tem boas recomendações, deixe aqui nos comentários. Adoro saber a opinião de vocês e também me deparar com alguns achados. Um brinde a essa produção maravilhosa que está bem pertinho de nós!

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Escrito por Bruno Hermenegildo

Bruno Hermenegildo é Sommelier International, formado pela FISAR (Federazione Italiana de Sommeliers), outorgado com o grau de Wine Master nas regiões do Piemonte e Toscana (Itália), graduado como Advanced pela Wine&Spirits (Londres) e também graduado em Gastronomia. Bruno é membro da Confraria dos Sommeliers de São Paulo, a mais concorrida confraria profissional do Brasil.

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