Por Bruno Hermenegildo em 29/jan/2018 10:00:00
Você sabe o que são vinhos de guarda? São aqueles que precisam envelhecer – ou melhor, evoluir! – para chegar ao ponto perfeito de consumo. Vinhos de guarda podem ser guardados por décadas ou séculos até que suas características sejam potencializadas e a bebida esteja no auge para a apreciação. Com certeza você já ouviu a metáfora “é como vinho”, referindo-se a algo ou alguém que fica melhor com o passar do tempo. O correto seria dizer “é como vinho de guarda”, pois nem todo vinho tem essa característica. Na realidade, a maior parte dos vinhos é feita para ser consumida em até cinco anos. Apenas 10% pertence ao seleto grupo de vinhos de guarda e eles costumam ser mais caros.
Então, o que diferencia o vinho para consumo imediato do vinho de guarda? Em primeiro lugar, a concentração de alguns compostos, o que é determinado pelo tipo de uva, pelo método de cultivo e pelo manejo do enólogo. O processo de produção do vinho de guarda geralmente é cuidadoso e há pouca intervenção. Outro ponto de diferenciação é a micro-oxigenação. Mesmo engarrafados, os vinhos não estão isolados do meio ambiente. Quantidades mínimas de oxigênio passam pela rolha e entram em contato com a bebida e isso causa reações químicas que desenvolvem o vinho de guarda. Elas refinam o vinho, que ganha complexidade de aromas e sabores, além de mudanças na cor.
No período de engarrafamento, o vinho passa por algumas transformações. Uma delas é o envelhecimento em si, a evolução. Em seguida vem o apogeu, que é o melhor momento para ser degustado e, na sequência, o declínio, quando o vinho apresenta alguns sinais de degradação.
Como reconhecer os vinhos de guarda?
Os apreciadores de um bom vinho fazem a lição de casa, ou seja, estudam as regiões produtoras, as vinícolas e as safras. Não são todas as regiões que produzem bem vinhos de guarda. As regiões produtoras mais tradicionais são Bordeaux e Borgonha na França, e Montalcino e Barolo, na Itália. Há boas opções também na América do Sul, como Luján de Cuyo, na Argentina; Canelones, no Uruguai, e Vale do Cachapoal, no Chile. As vinícolas conceituadas costumam ser as melhores produtoras e é importante saber que nem toda safra está apta ao envelhecimento.
Feita a pesquisa, a recomendação é buscar um estabelecimento de credibilidade para a compra. Há alguns pontos a serem observados no próprio vinho:
Cor
Os vinhos tintos costumam ficar com a cor mais alaranjada, enquanto os brancos ficam dourados com nuances âmbar e os rosés ganham matizes laranjadas mais intensas.
Corpo
As substâncias sólidas que compõem o vinho com o tempo se aglomeram. O vinho perde um pouco de corpo e uma borra pode ser formar na garrafa.
Taninos
Eles também se aglomeram em compostos mais complexos e ficam mais macios e menos intensos.
Aroma
O vinho de guarda costuma apresentar novos aromas. Eles têm aquilo que os especialistas chamam de “bouquet”, ou seja, aromas primários, secundários e terciários.
Acidez
A acidez deve estar em alta para assegurar que a bebida seja um bom vinho de guarda.
Outros dois detalhes importantes: observe as condições de conservação da garrafa. Confira o nível entre o líquido e
o gargalo. Se ele estiver muito baixo, o vinho perdeu o volume, possivelmente porque foi guardado de maneira inadequada. Por isso, nossa segunda dica: apenas compre um vinho de guarda se tiver adega climatizada, pois esse tipo de vinho precisa de temperatura constante.
Você já provou algum vinho de guarda? Sente-se preparado para comprar um vinho desse tipo depois das nossas dicas? Deixe um comentário.
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