Por Rafaela Vidigal em 19/out/2022 8:00:00
Amantes de vinho geralmente são também apreciadores de boa comida, mesa farta e paisagens deslumbrantes. Nesse contexto, a Itália é um dos melhores destinos de viagem para fazer vibrar o coração dos enófilos. Ficou famosa a definição de Robin Leach, repórter britânico, sobre o estilo de vida do italiano: “Na Itália, eles acrescentam trabalho e vida à comida e vinho”. É quase isso! Preparamos esse texto para você conhecer melhor os vinhos italianos e todas as delícias desse país.
História e geografia
Em primeiro lugar, vale apresentar um panorama histórico e geográfico. Estima-se que a produção de vinhos na Itália tenha sido iniciada há 4 mil anos. A bebida já fazia parte do dia a dia das pessoas e a tradição de produção artesanal foi preservada. O catolicismo, que se desenvolveu na região, inclusive incorporou o vinho a seus rituais sagrados.
De norte a sul, a Itália tem 20 regiões produtoras de vinho e uma variedade de uvas impressionante. Oficialmente, são 605, o que coloca o país no topo do ranking de variedades de uvas. As características geográficas do país, que tem 77% de seu território coberto por montes e montanhas e influência dos mares Tirreno, Adriático e Jônico contribuem para a diversidade natural e condições específicas para que alguns tipos de uva sejam exclusivamente cultivados na Itália.
A leitura dos rótulos
Antes de falarmos das regiões, vale a pena nos determos em algumas dicas para a leitura dos rótulos. Conhecer um pouco das siglas e dos vocabulários vai ajudar a fazer boas escolhas dos rótulos para apreciar nos tours gastronômicos pelo país e também a garimpar as garrafas que você vai trazer na mala para abastecer a sua adega.
- DOGC: abreviação para Denominazione di Origine Controllata e Garantita. Essa é a maior classificação para os vinhos italianos. É importante saber que são rigorosas as regras que controlam a produção de vinhos na Itália e elas incluem detalhes como onde as uvas podem ser cultivadas, que variedades são permitidas e como o vinho pode ser envelhecido.
- DOC: abreviação para Denominazione di Origine Controllata. É apenas um degrau abaixo do DOGC por ser um pouco menos rigorosa, regulamentando a produção e tipos de vinho.
- IGT: abreviação para Indicazione Geografica Tipica. Foi introduzida em 1992 e é uma classificação que permite aos produtores de vinhos usar uvas e métodos de produção que não estão nas regulamentações DOC e DOGC.
- Riserva: significa que é um vinho reserva, ou seja, um que foi envelhecido por um período significativamente maior que o usual.
- Superiore: trata-se de uma designação de alta qualidade e geralmente está associada ao nome de uma região. Exemplo: Soave Superiore.
- Classico: é um vinho da região que é considerada a área original de produção. Exemplo: Chianti Classico.
- Azienda Agricola: uma fazenda ou estado que produz suas próprias uvas para a produção dos seus vinhos.
- Annata ou Vendemmia: designa uma safra ou colheita específica.
- Produttore: produtor.
- Tenuta: estado.
- Vigneto: vinícola.
Agora, vejamos detalhadamente as regiões.
Noroeste
Estamos falando da região de fronteira com a Suíça e a França, abrangendo as cidades de Gênova, Turin e Milão. Essa é a região mais consistente na produção de vinhos finos de alta qualidade ao longo do tempo. Muitas das preciosidades das coleções de enófilos mundo afora têm origem aqui.
Nessa área estão as vinícolas da Lombardia, Piemonte, Ligúria e o Vale de Aosta. Há uma expressiva produção de rótulos com Nebiollo, mas outras uvas também se destacam: Barbera e Dolcetto para a produção dos vinhos tintos e Moscato, Riesling, Petite Arvine e Cortese para a produção dos vinhos brancos.
Os inconfundíveis Barolo e Barbaresco, feitos 100% de Nebiollo, vêm daqui.
Nordeste
Aqui está o berço de produção do famoso espumante Prosseco e também do Valpolicella e Pinot Grigio. Nessa região, divisa com Alemanha, Àustria e Eslovênia, estão as cidades de Veneza e Verona e o Lago de Garda, onde ficam as regiões produtoras de Vêneto, Friul-Veneza Júlia e Trentino-Alto Ádige.
As uvas típicas da região são a Corvina, Teroldego, Pinot Grigio, Garganega e Friuliano.
Centro
No centro da Itália, estão localizadas grandes regiões produtoras reconhecidas mundialmente como a Toscana, Úmbria, Lácio, Emília-Romanha, Le Marche e Abruzos e daqui saem os aclamados Chianti (feito com um mínimo de 80% de Sangiovese), Lambrusco, Fracati, Ovieto, Bolgheri e Brunello di Montalcino.
É uma área difícil de delimitar porque se prolonga da Cordilheira dos Apeninos a Bolonha, passando pelo norte de Roma. A região destaca-se pelo cultivo das uvas Sangiovese, Montepulciano, Sagrantino, Pecorino e Grechetto.
O Sul e as ilhas
Uma recorrida pelo Sul da Itália ainda reserva boas surpresas em termos de vinhos. A região, que inclui Calábria, Sicília, Sardenha, Apúlia, Basilicata, produz uma grande diversidade de uvas, entre elas, Primitivo, Negroamaro, Nero d’avola, Fiano, Greco, Grillo, Vermentino, Catarrato e Carricante.
Daqui saem preciosidades como o Biferno, Salice Salentino, Brindisi, Manduria, Etna e Sardinia.
A Itália é um destino de viagem que encanta pelas belas e distintas paisagens, aumenta a bagagem cultural do viajante e, para quem ama comer bem e, de preferência harmonizar com diferentes tipos de vinhos, é um dos melhores passeios da vida, certamente.
Se você se interessa pela história e pelos tipos de vinhos produzidos em cada país, recomendamos fortemente a leitura sobre os vinhos da França e os vinhos da Nova Zelândia. Para quem, além de apreciador de vinhos também gosta de design e arquitetura, o post 8 incríveis construções vinícolas pelo mundo vai trazer várias inspirações.
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