Por Bruno Hermenegildo em 3/mai/2018 10:00:00
VdlT, DOCa, VDQS, AOC, IGT, DOCG, VQPRD. Você já se deparou com alguma abreviação desse tipo impressa em um rótulo de vinho, ficou perdido e acabou não dando muita atenção? Então chegou a hora de você saber o que essas siglas representam: nada mais, nada menos que a classificação dos vinhos de acordo com o país produtor.
Saiba que reconhecê-las pode ser um grande trunfo na hora de escolher um bom rótulo. Por meio delas, é possível identificar o processo de produção de um vinho e atestar o grau de qualidade da bebida de Baco.
Confira esta pincelada sobre a classificação dos vinhos de algumas das principais regiões produtoras do mundo e não fique mais perdido na frente da prateleira de uma adega ou durante uma visita a uma bela vinícola.
Classificação dos vinhos espanhóis:
Viños de Mesa (VDM) – Vinhos muito simples, sem indicação geográfica no rótulo.
Viños de la Tierra – Com legislação menos exigente, apresentam nos rótulos indicações de localização geográfica, graduação alcoólica mínima e características organolépticas.
Viños de Calidad com Indicación Geográfica – São elaborados em região demarcadas, com uvas provenientes do mesmo lugar.
Viños com Denominación de Origen (DO) – Contemplados com esta especificação quando já são reconhecidos por pelo menos cinco anos consecutivos como Vinhos de Qualidade com Indicação Geográfica.
Viños com Denominación de Origen Calificada (DOCa) – Título reservado aos vinhos que alcançaram altas pontuações de qualidade como DOs por pelo menos dez anos.
Viños de Pago – Possui as mesmas exigências do DOCa. Elaborado e engarrafado na vinícola do vinhedo ou município em que se encontra.
Classificação dos vinhos franceses:
Vin de Table – Englobam 22% de toda a produção de vinhos no país. Não há regras estipuladas para a sua produção. Por isso, podem ser elaborados com qualquer tipo de uva e cultivados em qualquer região. A única exigência dos órgãos regulamentadores é que não haja menção em seus rótulos do tipo de uva, ano de safra e região de produção.
Vin de Pay ou regionais – São aqueles que possuem pelo menos 85% de uvas provenientes de uma determinada região. Podem exibir em seus rótulos a região geográfica de origem.
Vin Délimité de Qualité Superieure (VDQS) – Representam menos de 2% da produção nacional. Essa classificação foi oficialmente extinta há alguns anos, embora ainda seja utilizada informalmente por alguns produtores.
Appelation D'Origine Contrôleé (AOC) – É o mais alto grau de classificação. Seguem regulamentações específicas e controles rigorosos de produção, desde especificações sobre o cultivo e a colheita das uvas até o tempo de estágio em barricas e o processo de engarrafamento dos lotes.
Uma observação: as mais importantes regiões produtoras de vinhos na França, como Bordeaux e Bourgogne, não dispõem em seus rótulos a expressão AOC, mas apenas o nome da região ou da sub-região de cultivo e produção. E, para complicar ainda mais, cada sub-região possui terminologias e classificações próprias para os seus vinhos.
Classificação dos vinhos italianos:
Vino da Tavola – São os vinhos mais populares, conhecidos como “vinhos da casa”. Constituem 80% dos vinhos italianos. Não há regras para sua produção. Esse tipo de vinho pode ser fabricado com variadas castas de uvas, provenientes de diferentes regiões e de safras distintas. Seus rótulos fazem referência somente à cor da bebida (tinto, branco ou rosé) e ao nome da vinícola produtora.
Identificazione Geografica Tipica (IGT) – Essa denominação foi instaurada em 1992 e é aplicada a vinhos de mesa elaborados em regiões geográficas específicas (uma província, uma comuna ou parte delas). Aqui, os vinhos começam a seguir requisitos mais específicos e já é possível garantir a indicação da área onde foram produzidos, bem como a categoria de uva utilizada.
Denominazione di origine controllata (DOC) – Os vinhos que recebem essa classificação são produzidos em regiões específicas do país e seguem rígidas regras de produção, da escolha das castas de uvas e o modo de colheita ao método de vinificação e tempo máximo de envelhecimento. Além disso, as características enológicas, físico-químicas e organolépticas também devem seguir um padrão.
Cerca de 15% dos vinhos italianos pertencem à DOC. Em alguns casos ainda existem as subclassificações Riserva ou Vecchio (para vinhos envelhecidos maior tempo em madeira) e Superiore (para vinhos com teor alcoólico mais elevado ou maior período de envelhecimento). Os rótulos desse tipo de bebida devem fazer referência obrigatória à sub-região de produção e à numeração do lote de cada garrafa.
Denominazione di origine controllata e garantita (DOCG) – Reservada aos vinhos já reconhecidos com DOCs por pelo menos cinco anos consecutivos. Para serem comercializados com o selo DOCG, cada lote deve ser aprovado em testes de análises químicas e organolépticas na fase de engarrafamento.
Classificação dos vinhos portugueses:
Vinho de mesa – Produzido em qualquer região do país. Não pode apresentar no rótulo qualquer referência à região de produção ou às variedades de uvas.
Vinho regional – Qualidade superior ao vinho de mesa, produzido com, no mínimo, 85% de uvas provenientes da região especificada.
Vinho de Denominação de Origem Controlada (DOC) – É a categoria de mais alto nível de qualidade. Contempla vinhos produzidos em regiões delimitadas, como Douro e Porto, Barrada, Ribatejo e Alentejo, sujeitos a regras mais restritas quanto a procedência e variedades de uvas utilizadas, método de vinificação, teor alcoólico e tempo de envelhecimento.
Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada (VQPRD) – Classificação criada para adaptar o mercado de vinho português às regras estabelecidas pela União Europeia. Engloba os vinhos DOC e demais vinhos produzidos em regiões geográficas mais amplas. Estabelece também nomenclaturas para espumantes (VEQPRD) e licorosos (VLQPRD).
Acha muito complicado? Não se preocupe! Nada de algumas leituras não resolvam. Tem alguma indicação sobre o tema? Compartilhe conosco.
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