Por Bruno Hermenegildo em 6/ago/2015 9:00:00
Se para os experts, a hora de degustar um vinho recém-aberto significa mostrar toda a sua experiência, para os leigos, esse momento costuma se resumir a um tímido aceno com a cabeça para indicar que a bebida está, no mínimo, tragável.
Se a degustação ainda é sinônimo de constrangimento e frustração para você e as tais notas que os bebedores profissionais dizem estar sentindo não passam de invenção na sua opinião, chegou a hora de virar o jogo. Preparado para se tornar um mestre na degustação de vinhos? Então arme-se de saca-rolhas e taça e vamos lá!
Observando a aparência
Degustar um vinho passa, basicamente, por três sentidos: visão, olfato e paladar. Ao abrir a garrafa, o vinho precisa de um tempo para respirar, isto é, entrar em contato com o ar para liberar todo o seu sabor e aroma.
Enquanto o seu vinho respira, portanto, você pode começar a observar alguns aspectos visuais. Para isso, incline a taça 45° para frente (sem derramar, claro!) e veja o vinho de cima. Nessa posição, você vai ver o líquido em formato oval, certo?
As bordas do vinho (geralmente de coloração mais clara) são então chamadas de “anel”, enquanto o centro (mais escuro) é chamado de “olho”. Faça isso preferencialmente contra um fundo branco para poder observar melhor os seguintes aspectos:
Transparência e limpidez
A não ser em casos de vinhos não filtrados — característica que deve estar indicada no rótulo —, o bom vinho deve ser transparente (pelo menos no anel, no caso dos tintos) e nunca turvo. Se observar algumas partículas depositadas no fundo da taça (no anel), verifique a idade e o tipo do vinho. Vinhos jovens não devem conter depósito, enquanto no caso de vinhos envelhecidos — como os vintage e Bordeaux —, a presença de partículas é normal.
Cor
A cor é importante principalmente para determinar a idade do vinho. Para isso, verifique a cor das bordas do líquido (o anel):
● Os vinhos tintos jovens têm anel de coloração que varia entre um roxo mais claro a um vermelho intenso; já os mais maduros ganham reflexos de laranja e tijolo.
● Os vinhos brancos, por outro lado, são mais esverdeados e claros quando jovens e vão se escurecendo em direção ao âmbar à medida que envelhecem.
● No caso dos vinhos rosé, os mais jovens são inegavelmente cor-de-rosa, enquanto os mais maduros aproximam-se do dourado e do âmbar, como um cor-de-rosa alaranjado.
Viscosidade
Retorne a taça à posição vertical e verifique se o vinho desce rapidamente ou se tem certa aderência ao cristal, deixando para trás uma camada transparente que escorre em gotinhas chamadas de “lágrimas” ou “pernas”. Se sim, esse é um indicativo do teor alcoólico do vinho, bem como de sua textura aveludada (o tal “corpo” do vinho). Vinhos mais ralos ou aguados não deixam lágrimas na taça.
Sentindo o aroma
Sabe aquele movimento circular que os entendidos a connaisseur de vinho fazem na taça antes de cheirá-la? Ele serve para liberar os aromas do vinho, já que aumenta o contato com o ar e, assim, acelera a “respiração” de que falamos antes. Depois de girar a sua taça com cuidado, criando um pequeno redemoinho no seu vinho, coloque o nariz todo dentro da taça e inspire.
Aqui, você vai procurar aromas de, basicamente, três grupos distintos:
● Fruta: busque no vinho o cheiro de frutas que você conhece. Tintos costumam ter aromas que lembram frutas vermelhas, enquanto vinhos brancos lembram maçãs ou frutas mais cítricas.
● Especiarias: verifique se o vinho tem aromas que lembram elementos de temperos, como pimentas, ervas secas ou ervas frescas.
● Tostados: esses são aromas próximos doces ou couro, como canela, cravos, temperos, coco, baunilha ou caramelo. É o aroma proveniente do estágio em madeira dos barris em que o vinho foi armazenado.
Apreciando o sabor
Por fim, chegou a tão esperada hora de provar o vinho! Tome um gole (não muito exagerado) e deixe-o passar por toda a sua boca antes de engolir. Isso vai fazer com que o vinho entre em contato com diferentes áreas gustativas da sua língua, além de te ajudar a perceber o corpo do vinho. Aspirar um pouco de ar pela boca enquanto suga o vinho da taça também pode melhorar sua percepção dos aromas durante a degustação.
Se o vinho correspondeu às expectativas que você criou até aqui com os exames visual e olfativo, então é só brindar e apreciar! No entanto, se o gosto foi diferente ou desagradável e o vinho apresentou aromas de ácido acético (vinagre), esmalte, fósforos ou fermento, pode ser que tenha passado do ponto.
Com essas dicas, vai ficar fácil se sentir mais confiante e até impressionar os amigos na hora de degustar sua próxima taça de vinho! Lembre-se de que o importante é que a bebida agrade ao seu paladar, que nem sempre é o mesmo de outras pessoas. Dito isso, não deixe de comentar compartilhando as suas dicas e dúvidas e continue de olho no nosso blog para aprender mais!
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