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Quanto tempo dura um vinho? Nem todos devem ser guardados por anos

Quanto mais envelhecido um vinho, melhor, correto? Nem sempre. Na verdade, dificilmente. Essa afirmativa só é válida para menos de 10% dos vinhos produzidos mundialmente. Ou seja, a grande maioria tem prazo de validade e precisa ser consumida antes que acabe estragando. Então, quanto tempo dura um vinho? Depende de uma série de fatores, como o tipo de uva, a qualidade da safra, as concentrações de açúcares e taninos, o grau de acidez, o teor alcoólico e até mesmo o armazenamento.

Para facilitar, a primeira coisa que você precisa ter em mente é a seguinte: vinhos tintos duram muito mais que os vinhos brancos. Isso acontece porque eles possuem maior concentração de taninos, que influenciam o potencial de envelhecimento e durabilidade do produto. Os taninos são substâncias encontradas nas cascas, nas sementes e nos caules das uvas, responsáveis pela sensação de secura e adstringência na boca. Como os vinhos brancos são fermentados, via de regra, sem essas partes sólidas das uvas, logo, apresentam quantidades quase nulas de taninos.

quanto-tempo-dura-um-vinho-afinal-nem-todos-devem-ser-guardados-por-anos-3.pngConsiderando que a maioria esmagadora dos rótulos são produzidos para consumo imediato, também se deve levar em conta que vinhos tintos mais simples, jovens e frutados, que não passam pelo processo de amadurecimento em barricas de madeira, podem durar até cinco anos a partir da safra. Já os brancos e rosés simples suportam, no máximo, três anos. Tais bebidas são feitas para serem apreciadas frescas, logo depois de engarrafadas, quando a fruta, o aroma e a acidez ainda estão vibrantes.

Entram nessa categoria: Frascatis, Beaujolais, Chiantis, Valpolicellas, Bardolinos, espumantes nacionais, champagnes não safrados, além dos Chardonnays, Sauvignon Blancs, Cabernets, Malbecs e Merlots mais simples.

Resistência

Por outro lado, os vinhos que possuem maior resistência ao tempo costumam ser aqueles mais estruturados. Geralmente, eles passam um período em processo de amadurecimento em barricas de madeira (que também doam taninos ao fermentado) e apresentam uma base bem arquitetada e equilibrada de taninos e acidez.

Podemos dizer que um vinho com alto potencial de envelhecimento possui muito álcool, bastante tanino e ótima acidez – uma combinação perfeita que pode torná-lo intragável quando muito jovem. Tais elementos vão se aprimorando na garrafa com o passar dos anos e transformam os vinhos em verdadeiras joias.

quanto-tempo-dura-um-vinho-afinal-nem-todos-devem-ser-guardados-por-anos-4.pngBons exemplos são os grandes vinhos de Bordeaux, na França, que podem envelhecer muito bem por cerca de duas décadas e, às vezes, até mais que isso. Quando jovens, esses vinhos são muito tânicos, ácidos e frutados, mas, com o tempo, os taninos serão suavizados, a acidez preservará o frescor e a fruta ainda estará presente, mas de forma mais delicada.

Outros dois fatores capazes de promover vida longa ao vinho são o teor alcoólico e o índice de açúcar residual. São eles que explicam a longevidade dos fortificados e a resistência dos vinhos mais doces, respectivamente. Os vinhos do Porto, Madeira e Sauternes podem durar até séculos se bem condicionados em adegas.

Já no caso dos vinhos brancos, que saem perdendo quando se trata de tanicidade, o principal fator que vai torná-lo mais longevo é a acidez. O tipo e a safra da uva também influenciam no processo. Por exemplo, um dos vinhos brancos mais conhecidos do mundo, o francês Chablis, produzido na região de Borgonha, possui uma relação entre a acidez e a fruta (a casta Chardonnay) tão bem arquitetada que o faz sustentar uma ou mais décadas de guarda.

Quanto tempo dura um vinho na sua adega? Você já abriu um rótulo todo entusiasmado e quando foi experimentar percebeu que já tinha passado do prazo há muito tempo?

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Escrito por Bruno Hermenegildo

Bruno Hermenegildo é Sommelier International, formado pela FISAR (Federazione Italiana de Sommeliers), outorgado com o grau de Wine Master nas regiões do Piemonte e Toscana (Itália), graduado como Advanced pela Wine&Spirits (Londres) e também graduado em Gastronomia. Bruno é membro da Confraria dos Sommeliers de São Paulo, a mais concorrida confraria profissional do Brasil.

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